quinta-feira, abril 26, 2007

A menina dos olhos claros que vivia dentro de um poço bem escuro

Era já noite! Até que estava uma noite bem agradável, daquelas primaveris em que se anda na rua e se saboreiam no ar todos aqueles sentidos misturados das cores e dos perfumes, em que se sente o calor humano das pessoas que são pessoas e os sorrisos.... ui esses nem se falam! Começo a achar que são um bom motor de encher o balão das pessoas!! Lá ía eu a andar. Um passo atrás do outro, um pensamento à frente do outro, entre os verdes das ervas e o azul escuro do céu, sempre com a companhia de uma ou outra nuvem que me iam seguindo. Quando dou por ela está um poço à minha frente! Não era um poço normal. Era um daqueles poços bem fundos, assim tão escuros que não se conseguia adivinhar o fim. Mas o que me chamou a atenção, foi que no meio dessa escuridão toda surgia um brilho bem bonito que quase nem era preciso ver para sentir que ele estava ali. Era o brilho dos olhos de uma menina, a menina dos olhos claros. Não fossem os meus bichos carpinteiros pôr-se à frente da minha timidez não teria espreitado lá para dentro. Mas lá fui eu e espreitei. "Olá!" disse a menina dos olhos claros. Corei e respondi "Olá!" como estava muito intrigado perguntei "O que fazes aí dentro? Desse poço tão fundo e tão escuro?" Acho que ela demorou um pouco a responder, mas estava tão deslumbrado com o brilho dos olhos (ah! e também do seu sorriso escondido) que nem dei pelo tempo passar. Mas, daí a pouco ela respondeu "Eu vivo aqui. Puseram-me aqui há muitos anos e já estou tão habituada que não sei se quero sair. E olha, até acho que mesmo que eu quisesse ir aí para cima não ía aguentar muito tempo. É claro demais e eu já não sei viver com toda essa luz. Ainda fico cega!" Esta resposta deixou-me um pouco sem saber o que dizer a seguir. Estava um confuso porque não compreendia como é que ela gostava de estar ali no escuro sem ver a luz do dia.
Mas perguntei "Desde que foste aí para dentro alguma vez tentaste vir cá acima?". Ela prontamente me respondeu "Não!". Agora é que eu já não estava a perceber nada. "Mas és feliz aí em baixo?" perguntei eu. "Bem... acho que não! Passo os dias sozinha. Quase não passa ninguém aqui para falar comigo. Mas eu não quero sair daqui!", respondeu a menina dos olhos claros. Aí os olhos dela baixaram e o brilho desapareceu. Fiquei a remoer o que ela me disse e não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Mas lembrando-me das histórias que a Dona Lua me vai contando resolvi dizer "Sabes? Às vezes, ficamos na escuridão porque temos medo do que a luz nos pode mostrar e já estamos tão habituados a isso que não temos força para mais. Mas a verdade é que o que a luz nos mostra é o desafio que temos que enfrentar. E não é da luz que se tem medo mas do desafio. Daí o querer ficar no escuro! Tu com esse tamanho brilho que transbordas, fazes falta cá em cima. Não o deves guardar só para ti, mas sim partilhá-lo e ajudar alguém a brilhar também! Se para já a luz do dia te faz confusão começa a vir cá acima durante a noite quando a Dona Lua vai lá alta e depois aos poucos vais conseguindo ficar por cá até que chegas à conclusão que vale a pena mostrares esse brilho e já não vais querer outra coisa!!! Vais dar por perdido o tempo aí dentro do Poço porque aqui há coisas bem bonitas para ver e te deslumbrares... ou mesmo esse teu brilho deslumbrar outros! Será que te consegui convencer?" A menina dos olhos claros, ergueu de novo olhos para cima num brilhar tal que até eu brilhei. Aí ela respondeu "SIM!" levantou-se e deu-me a mão para a puxar dali para fora. Tirei-a de lá e passámos a noite a falar sobre os brilhos, trilhos e mais brilhos, mas estes outros que não os dos olhos, mas os das estrelas que se viam no céu... e que deslumbro! Fiquei com a sensação que estava ao lado de uma estrela mas cá em baixo! Será possível?

A vida dá muitos treinos e um deles é o da dor. Como numa dura batalha em que nos superamos, depois de a dor passar, a força é bem maior que aquela que tinhamos antes da dor surgir. Talvez daí venha a expressão 'há males que vêm por bem!'

quinta-feira, abril 19, 2007

Nota do Autor | Impossible is nothing

Numa altura que estou a reabituar-me aos ares da bela Veneza Portuguesa, as corridas têm deixado pouco tempo para dar azo às aventuras do Gudo! Espero para a semana retomar o ritmo das suas aventuras (parece que estou sempre a dizer que não tenho tempo, por isso, se quiserem bater-me, podem desafiar para a "porráaadáaaaa"). Deixo-vos aqui a foto do primeiro Gudo real :D digam lá se não é lindo? Ai a minha cria!!! Primeiro passo para a equipa de futebol está dado :) Não foram as minhas mãos que o criaram mas sim da minha Fada Madrinha e do meu irmão mais novo :p (já agora façam uma visita a www.trilhosdaterra.com onde se podem perder nos pulsares de fotografias e encontrar-se nas suas cores das suas fotos) por isso, deêm-lhes os Parabéns a eles mas ainda quero ver nascer um peluche do Gudo daqueles bem fofos!!! Eram só deslumbros com eles...

Agora que já começo a ter a cabeça mais no lugar e mais fria dos vendavais dos últimos meses, chego à conclusão como na publicidade da ADIDAS... IMPOSSIBLE IS NOTHING!!!
E a propósito disso mesmo vem....

"Impossible is just a big word thrown around by small men

Who find it easier to live in the world they've been given
Than to explore the power they have to change it!
Impossible is not a fact. It's an opinion.
Impossible is not a declaration. It's a dare.
Impossible is potential.
Impossible is temporary.
Impossible is nothing!"

E não nos esquecendo que é das nossas mãos que nasce a obra, cantem... cantem muito para que as mãos dancem ao som dessa música que nos enche!

"Cantar é próprio de quem ama"
Santo Agostinho

Obrigado às minhas informadoras que apareceram com o texto e a frase na hora certa :))) e deu nisto!

segunda-feira, abril 09, 2007

A Varina que ouvia as pedras e se confessava ao mar

Aaaaahhhh, que bom! Ir à praia e apenas estar a sentir a brisa bater na cara, cheirar a maresia, ouvir as ondas a bater, aconchegar-me nos raios de sol que nos aquecem... foi assim que comecei o dia, nesta paz, nesta calma sentado numa rocha. Enquanto apreciava tudo isto, dei conta que perto de mim estava uma Varina a fazer o mesmo que eu mas com os pés dentro de água e a cantar uma cantiga do mar, daquelas que vai e vem e fica sempre no ouvido, diz sempre a verdade e que por mais tempo que corra não passa de moda. Estava tão embalado com este ambiente que por momentos me senti a levitar de tão leve que me sentia. Perdido nesta calma, já a Varina a ir embora, decido falar com ela, porque estava curioso onde é que ela tinha aprendido todo aquele entendimento com o mar como se o seu canto fosse um prolongamento da melodia das ondas. Ela ficou algo sobressaltada com a pergunta porque estava tão concentrada no seu mundo que parecia ser difícil ouvir algo que não o seu próprio murmurar e sonhar das ondas do mar. Mas logo, me olhou com um sorriso e respondeu: "Já há muitos anos que aqui venho quando sinto necessidade de ficar em paz comigo! Foi algo que aprendi da minha mãe e ela da minha avó e por aí a diante. Já tem muitas gerações. Venho aqui buscar aquilo que as pessoas no seu dia-a-dia fazem com que percamos pela correria e pela pressão de muitas vezes termos que procurar e nos concentrarmos nas coisas menos importantes. É como se fosse uma valsa a 3. E que deslumbro que é quando se entra na dança!!!" Quando ela dizia isto reparei que ela deixava soltar uma lágrima brilhante mas que parecia de alegria. Calmamente, ela continuou:"Eu venho aqui ouvir as pedras e confessar-me ao mar!". Ouvir as pedras? Mas como é que se pode ouvir as pedras? E também não sabia que o mar tinha ouvidos... Eu devo ter uma cara de um espanto tal que ela se apressou-se a acrescentar: "Pois deves achar isto um pouco estranho não é? Mas a verdade é que as pedras são as maiores contadoras de histórias que temos à face da terra. Nós podemos vir e ir, podem passar gerações, podem vir tempestades, guerras, que elas vão estar cá sempre para contar as histórias, quer seja ao ar ou debaixo de água!! Elas relembram-me cada vez que as ouço, que nós pouco somos quando comparados a elas. Nós apenas vivemos alguns anos e por vezes pensamos naquilo que nos vai fazer feliz a curto prazo perdendo-nos nesses pensamentos. E preocupamo-nos tanto. Não é? Olha para elas, olha para as pedras, as rochas... elas não se queixam, elas não se preocupam e têm uma vida na terra que quando comparada com as nossas é eterna. Não precisam de nada porque são felizes com o que o dia lhes dá. Isto aprendi com elas, se bem que às vezes me esqueço e é por isso que aqui venho para me lembrar!!! Também deves estar intrigado como é que eu me posso confessar ao mar..." disse a Varina, e continuou "Ele ouve tudo o que digo. Se eu quiser confessar-me ao mar, dizer-lhe os meus segredos venho aqui quando a maré está a vazar para que ele leve tudo o que cá vai dentro. Por vezes quando ele fica triste em cumplicidade comigo, as ondas ficam enormes e vem uma tempestade louca para que ele consiga apagar do tempo as coisas más que nos vão acontecendo. Mas depois disso eu sei que vem a calma e a paz. Ele é um bom companheiro porque leva para longe aqueles fardos difíceis de carregar e, como te digo, as rochas lembram-me sempre que não vale a pena preocuparmo-nos com o que o dia vai dando porque olho para elas que nada fazem ou se preocupam e continuam sempre cá a contar as suas histórias."
Eu estava mesmo espantado a ouvir tão deslumbrantes histórias e fascinado perdido no rosto da Varina que ela se despediu e porque disse que tinha que começar o seu dia de trabalho a apregoar as alegrias do mar e a vender o peixe fresco que os pescadores estavam a descarregar na lota. Eu agradeci aquele momento com um sorriso nos olhos bem brilhante e fiquei ainda bastante tempo a pensar no que ela me tinha contado. Realmente, por vezes pensamos demais no que a vida nos dá ou deixa de dar e provavelmente deviamos era pensar no que nós podiamos dar à vida. Porque olho para as pedras, e elas estão cá há tantos anos e nunca ninguém as ouviu a queixar e estão sempre dispostas a suportar tudo. Nunca ninguém as viu lutar ou fazer guerra! E por vezes nós que andamos a vaguear por este pequeno mundo, fazemos um cavalo de corrida com coisas tão pequenas para quê? No fim não ficamos com nada do que lutamos por... seria mesmo deslumbrante se o mar engolisse todas as guerras todas essas preocupações, fizesse uma grande tempestade para que acordasse todas as pessoas desta cegueira que as ofusca e depois pudessemos contar história uns aos outros como as rochas... Obrigado pelo deslumbro Varina dos olhos do mar! Vou ficar aqui mais um pouco a aquecer o balão para depois voar um pouco e escrever no céu a tua história...

Este deslumbro é em agradecimento a todos os que me aturaram nos últimos tempos (aos meninos da Residencial Tejo em Sheffield :)) a todos os que quiseram (mas não puderam) e aos que fizeram a surpresa no aeroporto! Esta Varina, é a minha terra que conta muitas histórias de um mar de gentes e culturas que a vida nos vai trazendo e que eu muito agradeço...

quarta-feira, abril 04, 2007

Nota do Autor | parece que é agora...

(se calhar antes de lerem este post propunha que fizessem o download da -->> música para acompanhar a leitura)

Nem sei bem como começar isto! Já esteve para ser tantas e tantas vezes, e depois de mais de 80 dias de frenezim sem respirar, e de estar a umas horitas de terminar esta etapa, que costumo comparar a quando o Songoku (no Dragon Ball) ía para aquela câmara em que a gravidade era umas 5 vezes superior ao normal e o tempo corria mais rápido que cá fora... pergunto-me, é agora? Será mesmo? Não é possível... há sempre uma ligeira dúvida de não saber se realmente isto vai acabar e como acabará! Por várias vezes me imaginei a terminar e outras tantas vezes cheguei à conclusão que era melhor não imaginar mas sim caminhar para! A verdade é que acho que vai mesmo terminar, e... por incrível que pareça faltam-me as palavras! Sempre pensei que a música do António Variações dissesse muito... e realmente diz...
Adeus que me vou embora
Adeus que me embora vou
Vou daqui para a minha terra
Que eu desta terra não sou
Tenho minha mãe à espera
Cansada de me espera
Naquela encosta da serra
Vamos ser dois a chorar
À espera tenho o meu pai
Aos anos que não vejo
O tempo que vai durar
O meu abraço, o meu beijo
Vim solteiro e vou solteiro
Vou livre de coração
Se alguém me quiser prender
Ja não vou dizer que não
Adeus que me vou embora
Adeus que me embora vou


E eu também posso dizer, que vou voltar e Portugal
que se ponha a pau porque não queiram ver um Gudo irritado!!! É que
arriscam-se a que seja bem deslumbrante :)) Este caminho que agora
chega a uma nova fase e com novos desafios, foi bom, muito bom até! Por
vezes os segredos descobrem-se escondidos nos momentos de mais
dificuldade e olhem se não fosse tudo estariamos a perguntar: 'Adonde
anda o deslumbro? Adonde anda o Gudo?' E ele veio para ficar! Mas nada
disto seria possível se não fosse o mundo e todos vocês existirem, das
obras mais bonitas alguma vez produzidas!! E se vos disserem que não
valem nada? Bem, se vos disserem isso suponho que essa pessoa não tenha
consciência do que está a dizer ou então pura e simplesmente está a
mentir... há sempre um deslumbro dentro de nós que nos faz brilhar!

Obrigado a todos que se cruzaram comigo até hoje (em especial a quem me
aturou mais de perto nestes últimos tempos e frenéticos)... Um abraço
amigo!

Como alguém disse 'conta comigo, que eu conto contigo!'....

E... faz-te ao caminho :)) Até já!

Miguel

(desculpem a letra estar diferente mas isto tá meio esquisito hoje!!! :p)

segunda-feira, abril 02, 2007

Espirros a querer sair!

Atchim, atchim , atchim! Uma boa molhada de espirros saíram de mim. Parece que descobri finalmente como eles são, só não sei como nascem, onde moram e para que servem.
Este era o meu pensamento depois de ter sentido uma comichão muito forte no nariz e que por mais que saltasse aos pinotes não ía embora, só quando uma enorme força interior explodiu de alegria é que fiquei mais descansado. Mas daí a pouco mais uma molhada deles saltou de dentro de mim cá para fora. Mas de onde é que eles vêm? Neste momento, ao soltar mais quantos atchins uma estrela cai do céu. Ela trazia um presente da Dona Lua para mim. Olha que já tinha saudades de saber novidades da Dona Lua. Já algum tempo que não falo com ela! Será que ela ouviu os meus espirros? A estrela contou-me então, que a Dona Lua ao ouvir os espirros, quer dizer os sonhos... Desculpa? Sonhos? Interrompi eu. Sim sonhos!!! Não sabias que cada espirro é um sonho? Não! Respondi muito espantado e ao mesmo tempo fascinado com tal ideia. A estrela continuou a dizer que temos os sonhos dentro de nós, e que cada vez que espirramos é quando o sonho quer sair cá para fora para se realizar e mostrar ao mundo que eles existem. Por isso, não os deviamos deixar fugir para longe. É também por isso, que quando olhas directamente para o sol soltas uns quantos atchins! Eles ficam tão radiosos de ver tanta luz e aconchegados com o seu calor que decidem vir cá para fora saltar e alegrar a vida das pessoas. E mesmo quando estás doente e espirras é porque eles querem vir cá para fora dizer-te que tudo vai correr bem e que os sonhos que queres realizar estão ali para ti, mesmo quando estás mais fraquinho.
Uau! Que grande deslumbro de ideia!!!! Cada espirro um sonho. Parece então que estou cheio deles a quererem-se manifestar. Olha que bom!
A estrela deixou-me também a recordação da Dona Lua!! Que também me deixou sem palavras... porque o próprio presente ditava as suas. Era um realejo de poemas! Este realejo é especial porque sente o estado de espírito, sensações ou sentimentos e se tocares nele ele recita um poema ao som de uma bela música. Aaaahhhh, Dona Lua muito obrigado! Vou guardar muito bem esta ajuda bem deslumbrante. Só com isto até me apetece espirrar mais vezes para ver de que cor são os meus sonhos... e alegram os dias das pessoas!

Nota
1. Para ouvir o poema deste primeiro realejo de poemas clica no -->> poema
2. Este provavelmente foi o último deslumbro feito na terra que viu nascer e crescer o Gudo e os seus deslumbros. Queria ter-vos brindado com algo mais especial mas aqui o tempo e o cansaço são inversamente proporcionais (sendo o primeiro muito curto e o segundo muito muito grande). Espero poder oferecer-vos o tal trailler que tinha falado daqui a pouco mais de uma semana. Há que ter paciência :)
3. Desculpem a "amadorice" desta tentativa mas nunca na vida fui poeta! Será que tinha futuro?

Obrigado a todos!!!