quinta-feira, setembro 28, 2006

O Ladrão de Sonhos

Ai nem quero olhar para trás! Nem quero ver... ele passou aqui mesmo ao pé de mim. Era o Ladrão de Sonhos! Se reparem lá vai ele por trás dos montes com um saco cheio de sonhos que anda por aí a roubar. Já te cruzaste com ele? Eu ainda só tive oportunidade de ouvir as histórias que contam por aí acerca dele e ainda bem. Mas senti que era ele e desviei logo o olhar. As pessoas dizem que não é nenhum deslumbro este ladrão. Ele anda sempre agarrado ao seu saco de sonhos. Num ápice, como um cruzar de olhares, ele é capaz de apagar os sonhos que existem dentro das pessoas. Só não percebo qual a razão dele fazer isto. Talvez para aprenderem a dar valor às coisas que têm na vida, talvez para que novos horizontes despertem dentro de cada um, mesmo que seja da pior forma, apagando os seus sonhos e crenças... A maioria das pessoas cruza-se com ele mais que uma vez durante a vida. Costumam não gostar nada dos momentos que vêm a seguir a ter cruzado o olhar com o Ladrão de Sonhos. Dizem até que sentem um vazio no balão que não sabem muito bem para onde se virar mas que antes de partir o ladrão deixa sempre um bilhete com a mensagem:

Dos teus sonhos para ti...

'Lá fora a chuva cai e recorda
O som da tua voz perdida em mim
O arrumar dos sonhos que escreveste
Para me sentires e recordares

Olha p'ra mim, sente a minha cor
Desenhei em ti o calor de quem sente que
Que foi bom estar, que foi bom ser
Um pouco do mar, um pouco do teu viver'

Ao olhar para a mensagem acho que só se pode dizer mesmo que devemos desenhar muito, mas mesmo muito uns nos outros a toda a hora, para que na altura em que cruzemos com este ladrão possamos ter desenhos suficientes para fazer um livro e esse ele não pode levar porque fica guardado bem dentro de nós. O livro da nossa vida! Este livro pode ser útil mais tarde porque é onde se vão desenhando e esboçando aqueles momentos que nos marcam.. até mesmo os nossos erros. Mas estes só servem para fazer sobressair ainda mais os sorrisos bonitos desenhados...
Bem parece que não há tempo a perder pois não?

(este post é em memória de todos aqueles Sonhos que cruzam as nossas vidas, mas que por motivos menos agradáveis e que nos assaltam de surpresa são levados pelo Ladrão de Sonhos... eu ainda vou descobrir para onde é que ele os leva, deve pelo menos ser bonito)

domingo, setembro 24, 2006

O Catraio que vivia num castelo de areia

Noutro dia ao passear junto ao mar numa bela tarde quentinha, com o sol ao fundo a fugir para dar espaço à Dona Lua para brilhar, encontrei um castelo feito de areia. Que bonito que era o castelo! Era grande e majestoso! Até porta e janelas tinha. Decidi dar uma espreitadela na maravilha a julgar que tinha sido alguém que tinha passado um lindo dia na praia a divertir-se e a construir o castelo. Ao chegar-me junto dele dou conta que lá dentro se encontrava um menino, um catraiozito. Que faria ele lá dentro? Claro que a minha curiosidade me levou logo a ter dois dedos de conversa com ele a perguntar o que fazia ele. Ao que ele me responde que aquela era a casa dele. Fiquei muito surpreso. Quem é que iria viver num castelo de areia? Ainda mais junto ao mar? Que com as marés tudo deita abaixo e que é preciso todos os dias reconstruir aquilo que se contruiu? Que tolice, pensei eu para mim mais uma vez. Sem eu dizer uma única palavra do que estava a pensar o catraio acrescentou prontamente. 'Deves estar a pensar que não faz sentido nenhum viver num castelo de areia, que pode ir embora com o vento ou que todos os dias é levado pelo mar. Mas aí é que está a beleza, porque eu todos os dias encontro uma maneira diferente de construir o meu castelo, aprendendo sempre com os erros que fiz no dia anterior, fazendo com que de dia para dia ele fique mais forte e bonito. Para além que posso ir variando o seu aspecto consoante as minhas brisas me levem. Só há um pormenor importante que aprendi que é deixar o portão sempre aberto, pode haver sempre alguém que precise de abrigo...'
E mais uma vez, mais valia ter calado a minha mente e chamar tolice àquilo que não conheço. Realmente o catraio tinha razão. É bom não estar conformado, ter oportunidade de todos os dias desenhar um novo castelo cada vez mais bonito e forte para que se possa cada vez acolher mais deslumbros. As marés vão e vêm mas após cada uma delas há uma nova oportunidade no horizonte...

terça-feira, setembro 19, 2006

A Criatura dos Abraços

Ahhh! Já lá vai tanto tempo que o pincel e o lápis pararam. Entretanto continuei a viajar o mundo e a deslumbrar-me com os momentos que nos enchem a alma.
Há dias encontrei alguém que em pouco tempo se tornou num grande amigo. A Criatura dos Abraços! Se não o conhecesse, ao ouvir o nome até me podia passar pela cabeça ser um monstro que aperta as pessoas. Mas para este alguém, assustar não é a sua especialidade, mas sim alegrar e abraçar com calor. Conheci-o enquanto passeava junto ao rio. Ele apareceu na sua jangada logo de braços abertos e sorriso nos lábios. Saía dali tanta alegria que até apetecia saltar e cantar mesmo não o conhecendo de lado nenhum. Mal se chegou junto à margem saltou e veio a dançar ter comigo para me abraçar. Foi um abraço tão apertado que fez sentir o calor de mil e uma pessoas. Fiquei tão intrigado do porquê é que ele fez isto que perguntei-lhe. A resposta que me deu foi bem deslumbrante. Ele disse que cada vez que abraça uma pessoa guarda um bocadinho do seu calor dentro dele o que faz com que esse calor aumente cada vez que abraça alguém. E disse também que ao abraçar as pessoas é como se o calor de toda a gente que já abraçou também a estivessem a abraçar. É como uma bola de neve em aconchego. Por isso é que ele passeia na sua jangada de madeira, assim vai viajando pelo mundo a abraçar as pessoas para as reconfortar e as fazer sorrir para que elas possam fazer o mesmo a outros numa bola de neve que nunca mais acaba.
Depois de algum tempinho de conversa a Criatura teve que ir embora, disse que havia mais gente a precisar do calor dos seus abraços. Foi bom tê-la conhecido, até deixou o calorzinho cá dentro e vontade de dar abraços e amassos! Fez-me pensar que o que nos faz crescer é mesmo isto, o calor que os outros deixam em nós, como se mantessem a fogueira que existe cá dentro acesa para os 'motores' não deixarem de funcionar... e olha é bem melhor que o mais quentinho e aconchegante cobertor!

(este desenho é inspirado em alguém com quem convivi e me deu um grande abraço, o Chris, a Criatura, 'All good')

quinta-feira, setembro 07, 2006

Um instante...

Suspiros, muitos suspiros! O Neco vai ter de se ausentar algum tempo enquanto o lapis e o pincel se recuperam. Neste tempo podes deixar aqui alguma brisa que sopre a favor do Neco ou palavras para novos rumos. Para onde se pode virar?
Aguarda... dia 19 de Setembro, esperemos! Vamos fazer figas?

segunda-feira, setembro 04, 2006

A Catedral sem telhado

Estes dias dei à costa num sítio bem bonito! Um sítio onde ao que parece as pessoas têm por hábito caminhar bastante para lá chegar. Um sítio onde as pessoas vêm de muito longe só para se encontrarem. Um sítio onde pessoas de todo o mundo querem ir. Mas porquê? Que de tão especial tem esse sítio? Eu demorei algum tempito para descobrir a resposta a essa pergunta. Mas finalmente descobri!! É que nesse sítio existe uma Catedral sem telhado. Pode parecer outra tolice mas faz muito sentido! Em frente a essa catedral continuamente semeiam vários tipos de sementes. Umas grandes, outras pequenas, umas que dão sombra, outras que dão frutos, muitos frutos. Algumas despertam logo logo que são lançadas à terra, outras têm mesmo que sofrer e sentir o frio do Inverno para que possam transformar-se numa bela árvore. Cada uma diferente, mas cada uma com a sua função e que alegremente irá fazer a sua parte para criar um belo jardim. Estas sementes são colocadas na terra depois das pessoas que caminharam muito até àquele belo lugar entrarem na Catedral. Depois de lá entrarem seguram na semente com a mão e pedem um desejo a olhar para cima, para o céu... Se a Catedral tivesse telhado as pessoas estavam logo a limitar o crescimento da semente que íam lançar à terra. Porque íam querer apenas alcançar aquilo que está mais próximo, acessível e conhecido... o tecto! Mas na vida devemos sempre ver mais além, lançar os olhos para depois do que queremos atingir! Para o céu! Para que não haja limites, para que as sementes possam crescer livremente até ao infinito, olhando sempre à nossa volta. Temos que cuidar, acarinhar, podar estas belas plantas e ao mesmo tempo ter cuidado com as ervas daninhas para não que não destruam as suas raízes. Eu gostei de saber desta história! Era bom que cada vez mais gente lançasse a semente à terra para que possa dar ao mundo aquele dom que está nas suas mãos.

Ah! E não me vou esquecer do que lá vi também. Vi um grupo de meninos graúdos e miúdos que quiseram ir e fazer um caminho longo até a essa bonita Catedral. Eles cantavam, saltavam, sorriam.... que deslumbro!

'This could be the very minute I'm aware I'm alive...'