
Depois de andar e ver as gentes, tristes, alegres, bonitas ou engraçadas decidi poisar um pouco e fechei os olhos. O meu pêlo eriçou-se todo e abri de novo os olhos. Estava noutro sítio e olhei para baixo e vi. O que eu vi não vos vou poder contar porque é segredo, um segredo que vai ficar aqui guardado dentro, que qualquer dia vou largar como uma pomba para o levar e sussurar no ouvido de alguém. Mas espreitei uma festa, gentes a cantar, gentes a dançar. Estavam alegres e sentia no ar um calor, aquele que não era meu mas mais humano. Um calor que fazia esquecer que no resto do planeta estão outras pessoas, umas sozinhas, algumas abraçam-se, outras discutem, outras destroí-se num egoísmo que não deslumbra. Mas este calor é que me deslumbra e acho que é contagiante. Porque é que não passa mais? Aquecendo-se umas pessoas às outras! Uns balões subiram no céu, deviam também eles levar desejos d'alguém, sorrisos de outros... que se deslumbram, sei lá! Como eu... e quem me dera ter um balão daqueles para lhe soprar na alma e elevá-lo ao céu.