O céu está mesmo bonito, ía eu a pensar para comigo e a apreciar a bela Dona Lua. Já tinha saudades de estar com ela. Qualquer dia tenho que lhe fazer uma visita para termos uma daquelas longas conversas. As estrelas também estavam com um brilho especial nessa noite! Lá com a Dona Lua em cima era sempre mais fácil ver o caminho que me rodeava. Nesta magia envolvido, dou de caras com uma gruta enooooormmeeeee e majestosa! Não fosse a minha força curiosa, não iria dar uma olhadela lá dentro, mas claro que estava em pulgas para descobri-la. Pé ante pé fui lá espreitar e vi uma coisa que nunca tinha visto antes: um GIGANTE GIGANTE! Parecia-me um pouco triste. Estava todo encolhido mas mesmo assim dava para ver que estava todo aperaltado e com uns sapatos amarelos que pareciam que dançavam sozinhos. Reparei numa coisa curiosa, que de junto ao gigante saía um som que mais parecia uma bonita música de um rádio. Demorou um pouco até ele dar pela a minha presença junto dele, enquanto eu o apreciava. Estava deslumbrado com o conjunto tamanho e música que estava ali à minha frente. 'Boa noite!' disse eu. Ele olhou para mim e manteve-se mudo enquanto a música continuava. 'Não falas?' insisti eu, ao que ele abanou com a cabeça a dizer que sim. Entretanto bocejou, e ao bocejar reparei que o som da música vinha de dentro dele. Aí é que fiquei ainda mais espantado. Para além de Gigante ainda emitia o som de um rádio? Que mais surpresas teria ele? De repente, pareceu que o som tinha parado de sair dele e nesse momento finalmente ele falou "Olá! Eu sou o Gigante Cantante. E tu quem és?" o que respondi "Eu sou o Gudo! Não pude de deixar de reparar, mas se cantas uma música tão bonita porque é que estás triste?" perguntei eu. Então, ele desabafou "Isto é uma história um pouco invulgar. Espero que não te rias de mim... Eu sempre gostei de cantarolar e de assobiar. Para todo o lado que ía, lá ía eu a cantar. Até a sonhar eu cantava e assobiava. As pessoas conhecem-me por isso, por gostar de cantar e fazer melodias desde o sol se levar até a lua se pôr. Até que há pouco tempo fui a uma festa onde me tinham convidado para cantar e assobiar para as pessoas alegrar. Arranjei-me da melhor forma que sabia e lá fui eu todo feliz para esse grande dia. Pelo caminho, vi um senhor que trazia um rádio como nunca tinha viso antes. Um rádio bonito e que até os botões assobiavam quando se os rodavam. Parei um pouco junto dele e fiquei a acompanhá-lo com assobios enquanto o rádio tocava. Fiquei tão pasmado com o rádio que o senhor me ofereceu o rádio e disse que eu podia fazer um dueto com ele para sempre se o engolisse. Na altura achei uma boa ideia e foi o que fiz. Peguei no rádio e engoli-o. Nem sabia eu o que vinha a seguir. Ía eu muito feliz para a festa a cantarolar com o rádio quando de repente devo ter perdido o sinal e na festa não consegui cantar porque o rádio só fazia sons estranhos e interrompia-me sempre o que eu queria cantar. Toda a gente se ria de mim e da figura que eu estava a fazer. Fiquei tão triste que fugi de lá a correr e escondi-me nesta gruta para que não passasse mais vergonhas. Não sei como fazer para que o rádio não pare de cantar bem e me acompanhar sempre. E... acima de tudo que as pessoas não se riam de mim!" Uau, que história!! E eu que julgava que já tinha visto e ouvido de tudo. A verdade é que acho que as pessoas às vezes são muito cruéis e podem magoar bastante uma pessoa como aconteceu com o Gigante Cantante. Nisto surgiu-me uma bela ideia. Se calhar, se ele arranjasse uma batuta de metal, como um maestro, e a usasse enquanto cantava, ele conseguisse acabar com os sons esquisitos do rádio e estivesse sempre sintonizado nas belas melodias. Partilhei essa ideia com ele. E como ele queria muito saber se funcionava, fomos os dois ver o que conseguiriamos. Entretanto lembrei-me em chamar o Kiro e fomos visitar o Prof. Risonho para ver se ele nos podia ajudar. Contámos-lhe a história toda e ele com os seus sorrisos arranjou-nos a batuta de metal. E olhem... não é que funcionou? Que deslumbro que era ouvir o Gigante Cantante a assobiar e a cantarolar com o seu rádio. Depois disso o Gigante ficou tão feliz que foi para a rua fazer um belo concerto à luz da Dona Lua. Juntou-se tanta tanta tanta gente a bater-lhe palmas que ele a partir daí não mais quis parar. Eu decidi seguir o caminho depois de me despedir dele. Que bom ter podido ajudá-lo! Sabes, às vezes podemos ter uns dons maravilhosos apesar de serem um pouco estranhos e até termos vergonha de os usar. Mas, se lhe dermos o sentido correcto acho que podemos até salvar o mundo não? E tu que dom tens?
Isto num dia Mundial do Ambiente e numa altura que muitas questões se levantam em todos os domínios da nossa sociedade para ver se se consegue assegurar um futuro para as gerações vindouras, incluindo a nossa!! Todos temos um dom, um papel a desempenhar na sociedade. Deixo-vos com um exemplo de atitude a seguir num discurso bastante inspirado e inspirador, que apesar de já ter 15 anos a actualidade é esmagadora. Façamos algo por todos nós...
We hope you enjoyed your stay
And it’s good to have you with us,
Even if it’s just for the day!
We hope you’ve enjoyed your stay.
Outside the sun is shining
It seems like heaven ain’t far away!
Its good to have you with us,
Even if it’s just for the day!
The Killers
... Gudo a deslumbrar-se com a companhia!!!
À conversa
... o Gudo tem passeado por muitos sítios e deslumbrado com muitas personagens. Uma vez que ele é um nómada e por vezes é difícil encontrá-lo, ele criou um email (deslumbro@gmail.com)
para que possam contar-lhe os vossos deslumbros ou o que pensam do que os seus olhos vêem e sentem. Ah! Em conversa com o Professor Risonho ele também me deu o seu contacto de email (prof.risonho@gmail.com)
para que se alguém estiver a precisar de solução para algum problema insolúvel possa falar com ele, que muito provavelmente ele terá uma solução bem prática!!!
Do Neco ao Gudo, a história...
... tudo começou quando numa pesquisa de
imagens no google encontrei um desenho de um
urso, a quem eu chamei de Neco. Um pouco melancólico, um pouco inerte, um
pouco o que eu procurava num personagem. Dali comecei a dar-lhe vida nas
histórias e nas aventuras que ía desenhando e escrevendo. Depois de uns rabiscos
e rascunhos a experiência começou a tornar-se tão rica que decidi ir à procura
do autor original do desenho do Neco. E ao fim de várias tentativas encontrei
o seu site e descobri que o Neco era na realidade o Smudge
criado por
Chas Creek. Entrei então em contacto com o autor e expliquei-lhe a história
do Neco. Mas uma vez que ele é artista a sério (e não um mero miúdo a brincar
aos desenhos como eu) e pretende publicar um livro para crianças tendo como
personagem o Smudge, disse-me que deveria mudar o 'físico' do meu personagem. E
assim o fiz, já que não era meu objectivo apoderar-me do Smudge porque isto para
mim é uma diversão. Daí surgiu o Gudo, barrigudo e narigudo! Com alguns traços e
características com as quais me identifico, ele aparece agora com as historinhas
que ao mesmo tempo que pretendem dar uma mensagem de um dia bonito aos mais
novos, pretendem também pintar um mundo de deslumbros do qual por vezes os
adultos se esquecem que existe. Porque às vezes é preciso parar um pouco para
respirar e nos deslumbrarmos...
Alguém me apelidou de Peter Pan sem saber que eu próprio me identificava como tal. Ser para sempre criança, negando um mundo dos adultos onde a estupidez cega impera. Mas a realidade não é bem esta! Para sermos felizes e para sucedermos na vida acredito que tenhamos que olhar a vida com olhos de criança e responsabilidade de adulto, tentando não complicar o que é extramente simples... Viver!